não é o medo da exposição, que eu viro ao avesso e isso é autocrição. mas se vão traduzir, e recriar, do tipo telefone-sem-fio, cuidado com essas pontes-do-rio-que-cai, me costurem direitinho, e uma dica: tenho ojitos verdes.
a piada é que se vc for muito moderno eu corro o risco de virar A Mosca.
A ponte é a palavra como ou a palavra é: isto é como aquilo, isto é aquilo. A ponte não suprime a distância: é uma mediação; tampouco anula as diferenças: estabelece uma relação entre termos distintos. A analogia é a metáfora na qual a alteridade se sonha unidade e a diferença projeta-se ilusoriamente como identidade.
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a montanha é uma palavra, um rio é outra, uma paisagem é uma frase. E todas essas frases estão em contínua mudança: a correspondência universal significa uma perpétua metamorfose. O texto que é o mundo não é um texto único: cada página é a tradução e a metamorfose de outra e assim sucessivamente. O mundo é a metáfora de uma metáfora. O mundo perde sua realidade e se transforma em uma figura de linguagem. No centro da analogia há um buraco; a pluralidade de textos subentende que não há um texto original. Por essa cavidade precipitam-se e desaparecem, simultaneamente, a realidade do mundo e o sentido da linguagem.
e isso quer dizer que eu tava certa em relação as pontes. e os agredecimentos vão para: baudelaire, eliot, paz, swedenborg, rr, mallarmé, mitchell, robit, novalis... todos contemporâneos.
acho que o link se perde na tradução, 2 linguagens diferentes, falta a ponte e ainda por cima é tudo nublado né? a poluição é que fode o amor.
carbonmonoxide @ 2005-03-23 11:35 said:
tudo nublado. e poluição só existe pq falta a ponte. essa é a verdade. os links e as pontes salvam tudo. limpam tudo. bom vai ser quando tu inventar logo o teletransporte. cadê? hurry up. tô precisando, benzinho.
juaumx @ 2005-03-23 11:41 said:
eu acho que às vezes até tem uma pontezinha bamba de bambu pendendo por uma corda, mas a poluição esconde tudo, lara.. aprender a ler no escuro n é fácil. deve ser por isso que tem tanto míope no mundo o_O
carbonmonoxide @ 2005-03-23 12:28 said:
deve ser a impossibilidade da linguagem né?(lá vou eu de novo..). que oq nos une são as palavras, essa ponte que balança e falta pedaços. e é daí que vem closer, e so close, faraway. mas quando tem alguém do lado, tudo dá pé. ser infinitas palavras, não precisar de nenhuma.
juaumx @ 2005-03-23 12:40 said:
é como se a linguagem fosse só a tangente. quando a gente gosta tudo fica limpo, aí sim. tem um outro tipo de ponte, a flecha que vai sempre no alvo. eu posso falar do eco do meu banheiro e você da cadeira de balanço da vovó que a gente se entende.
juaumx @ 2005-03-23 12:42 said:
tesão voz une, já dizia o de mello.
carbonmonoxide @ 2005-03-23 12:51 said:
e lá vai a gente com a formal! é enunciação, meu bem! nada de tangente. tudo é linguagem, right? o grande lance são os discursos.. e eu tentando convencer que é possível sair dessa teia confusa. será? e isso é mais uma conversa sem fim. e onde diabos a gente vai parar?
juaumx @ 2005-03-23 12:57 said:
a linguagem da linguagem da linguagem. metalinguagem. é absurdo, tem que ter uma porta pra rua, uma saída de emergência. não vamos na linguística, por favor. veja bem, o que importa é a referência, seja física ou não. o ser e o nada. o resto são rodeios que se repetem e se repetem e se repetem...
carbonmonoxide @ 2005-03-23 13:15 said:
pois eu cansei das referências. me imponho no discruso. lembrei do neruda: "Sou só a rede vazia diante dos olhos humanos na escuridão e de dedos habituados à longitude do tímido globo de uma laranja. Caminho, como tu, investigando a estrela sem fim e em minha rede, durante a noite, acordo nu. A única coisa capturada é um peixe preso dentro do vento". deixo a linguística de fora. mas o caso é, a gente busca a busca. não ama o amado, ama o amor (e o cacaso - não sou amado no amor, sou amador). vamo deixar de fora tb esse amor ocidental, procurando sempre a outra metade. a referência em si não é muito importante, já que a gente vive trocando, substituindo. como ex namorados que a gente nem lembra mais a cor do olho.
juaumx @ 2005-03-23 13:37 said:
mais ou menos assim lara, mas aí a busca e o amor viram referentes tb, é isso que eu quero dizer, o referente ideológico, cada um vê de uma forma né, cada um descreve de uma forma, mas tem um esteriótipo chave de onde se parte, ou de partes em comum. é o referente dentro da linguagem e fora ao mesmo tempo, n deixa de ser referência e de não ser enunciação... é a ponte.
- tu é muito sem-vergonha, né? tu não tem vergonha não? - se eu sou sem-vergonha, como que eu vou ter veronha? - óa, não começa com teus trocadilhos não!
treco engraçado é a vírgula. assume tantos papéis. olha só, funciona como ponte em faraway, so close. e como abismo em so close, faraway. e daí você tem que escolher entre as duas impossibilidades, que apesar de não acreditar muito em dicotomias, não consigo achar um meio termo pra esse assunto. e olha que procuro, obstinadamente.
Chamou meu nome, não foi engano. Talvez uma Veronique que me achou. A minha! E eu ainda procuro. Perdi a mão pra essas coisas. Resumo tudo pra acabar logo. Não insisto. Angústia é fala entupida. Alguma coisa prende. Encana.dor? desencana que a vida engana. Mais uma vez. Nada é nacional. Uma ponte aqui outra ali. Caindo numa verborragia sem sentido. Insisto? Oquei. Já fui de bliss a la chute, o que resta? Já fui de reticências ao ponto seco. E agora interrogação. Mas virar pelo avesso Sylvia? Preguiça. Desenvolver a exclamação. Desenvolver a exclamação. Não lembro bem, Octavio Paz? Investigar a festa da Dalloway. Investigar o jantar da Bertha Young. E mais uma vez, a ponte. Mais uma vez as referências. Fechadas agora, num círculo. Olhos abertos a toda crença, já é a nova meta. Perdi a dama da noite. O drama da noite. O no more drama. O que me resta é pouco. E pouco é menos que a metade.
Na noite passada acordei com o barulho de chuva torrencial. levantei e firmei as venezianas - e aquele terrível verso de Geo. As palavras de Meredith martelavam minha cabeça: "e bem vindas as vertentes da água que trazem chuva fresca".
Sonhei que tinha ido me hospedar com as irmãs Brontë, que mantinham uma pensão chamada Instituto Brontë - a uma distância cansativa da estação da estrada de ferro. O caminho era todo no meio de urzes. Um lugar simples, com linóleo nas escadas. Charlotte me recebeu à porta e disse: "Emily está deitada". Kot, eu verifiquei, estava também lá, jantando. Ele partiu uma laranja em pedacinhos, dentro duma tigela com leite e pão. "À moda russa", disse. "Experimente. é muito bom". Mas eu recusei.
Minhas neuroses continuam, agora em nível moderado. Beirando o controlado. Ainda com vontades súbitas de jogar tudo pro alto, e que tudo vá pro inferno, mas me segurando obstinadamente. Tudo vai dar pé. Pelo menos foi o que disse o tarô. Simmm, JN botou cartas pra mim, e assustadoramente tudo(!) bateu.
um céu de bliss, azul limpinho.
você se anima pra ir na piscina
se troca, uma leveza. e vai..
e na piscina, nuvens carregadas
do tipo que você nunca achou que veria.
é assim que se vai de bliss a la chute.
troquei ungaretti pelo armando
não tinha cabimento.
mas não era isso
tarde com você é um adeuzinho
a gente tentando convencer as horas
a irem mais devagar
take it easy, ladies.
dias de pure beatles and bliss